Luto por um amigo amado. Que aprendamos a ser felizes aqui e agora
A vida é uma fagulha
Sopro de um vento que se dissipa no ar
Quando menos esperamos, o fogo se apaga, a luz se emudece e a esperança se desloca.
É tão curto, tão pequeno, minúsculo nosso tempo nessa terra.
A aurora se transforma em noite sem que percebamos a passagem, o percurso, a marca do tempo, os desejos do coração.
Somos só planos, projetos, ambição, desejos, e esquecemos o caminho, o caminhar, a felicidade em cada olhar, a lembrança de um dia de sol, ou da chuva sob os pés.
Esquecemos os momentos de criança, a felicidade embrulhado em um papel de bala, o olhar alegre pelo primeiro elogio, o coração batendo forte pelo primeiro beijo roubado
Esquecemos as brincadeiras, as pequenas e simbólicas palavras de apoio, de carinho, atenção, afagos, reprimendas, tudo faz parte de nossa caminhada ingênua e desnudada.
Aí crescemos, desaprendemos como as pequenas coisas são mais importantes que os grandes empreendimentos. Acabamos sendo “educados” por um processo de deseducação, desaprendizagem, de desumanização, onde o valor de “ter” supera, e muito, o valor do “ser”.
Ah, que saudade da minha inocência. Ninguém me disse que o mundo era cruel, que a dor as vezes se torna insuportável, que o amanhã não existe, que ser feliz, não é uma escolha, que o amor suporta o ódio mesmo o ódio sendo amigo da dor.
Oh quanta dor comprimida em um ato, diluída em um oceano de medo, que cresce vertiginosamente enchendo nossos pulmões, nos sufocando até perdermos a consciência.
Não quero pensar, não quero lembrar, mas, quanto mais tento, mais percebo a minha impotência em lidar com aquilo que não conheço, com aquilo que temo, que me amedronta, que me apavora, sem que eu perceba, do meu peito sufocado rompe uma torrente de dor que corre por minha face molhando meu rosto
Como o tempo é curto, como a vida é uma centelha, uma fagulha um sobro, uma pegada na areia, onde as ondas vêm e levam toda a marca, toda esperança, toda busca, toda luta, todo desejo, tudo se vai quando menos se espera, e não restará nada mais do que uma vaga lembrança do que fomos.
Que a dor sirva de lição para mim. Que eu acorde, que me deseduque, que me encontre, que eu seja feliz, que eu não tenha medo de ser quem eu deseje ser.
Não precisamos buscar a felicidade, ela não existe fora de nós, ela só existe, se existir em nós, em mim, em você, em todos nós. Cada um carrega a felicidade que acalenta.
Felicidade é não uma busca. Felicidade é percorrer o seu caminho. O caminhar é a felicidade. Só seremos realmente felizes, e a vida terá um valor e um sentido, quando descobrirmos que felicidade é o ato diário de dar passos na areia da praia, mesmo que, olhando para atrás, percebamos que marca alguma está ficando, porque, na verdade, o que importa, não são as marcas deixadas, mas o renascer de cada passada.
Que nossa vida se traduza em pleno regozijo, repleto de gozo e felicidade, não pela inconsequência da caminhada, mas pela consciência do valor de cada pegada, isso é a felicidade.
Meus sinceros e fraterno sentimentos à família e a todos os familiares de meu amigo e irmão Edilson Marcos de Araújo que faleceu nessa data em São João do Manhuaçu de complicações resultantes do COVID.
Desejo nesse dia, final de ano, início de festa, que todos nos conscientizemos cada vez mais da necessidade de levarmos mais a sério o que vem acontecendo no Brasil e no mundo. A Pandemia ainda não acabou, vamos nos cuidar.
Um abraço fraterno a todos.